2 de jul. de 2011

3 - The Opheliac


Era sábado, 6hs da manhã.
Eu simplesmente apaguei, dormi durante a tarde e a noite inteira do dia anterior. Acordei ao som de Mr. Brithside e não quis me levantar da cama. Foi um daqueles dias nos quais só queria ficar na minha cama e ver o dia passar através da minha janela. Tudo só meu.
Estava decidido, ficaria de pijamas todo o dia, dormiria mais um pouco, desenharia e ouviria minhas músicas favoritas. Nada de aula, socialização, ou ver outras pessoas sorrirem e ter que sorrir em retribuição. Hoje, meu cabelo de ninho e minha cara amassada seriam permanentes. Somente por um dia, eu seria somente eu.
Uma vez tendo a decisão tomada, fiquei deitada cantando a música como se fosse um mantra no qual somente eu escutava. Meus lábios se mexiam, mas nenhum som saia deles. Olhei fixamente para o teto e tentava achar nas manchas de infiltração já secas, rostos ou formas, assim como as outras pessoas faziam com as nuvens em dias de sol.
- When there's nowhere else to run
Eu disse.
Logo comecei a dançar ainda que sob a cama. Mexia braços e pernas, e logo comecei a bater palmas no ritmo que a musica pedia cantando como parte da multidão que a música continha - I got soul, but I'm not a soldier- Levantei-me e não demorei a gritar e dançar tomando todo o circuito entre a sala e o quarto fazendo sempre a segunda voz do Brandon Flowers.
“If you can hold on
Fiquei pensando nessa frase, parada em frente à porta do quarto, olhando todo o cenário. Adentrei aquele que seria o meu espaço e comecei a analisar de perto todos os pôsters que compunha a minha parede que na maioria das vezes era o meu painel de inspiração. Olhava tão de perto que quase podia sentir o frio da parede tocar meu rosto.
O primeiro pôster foi o de The Rock Horror Picture show, olhei tão perto que poderia beijar o formoso cientista maluco. O segundo foi um pôster do filme The wedding date, porém nesse dei a metade de um passo para trás como distância, queria ver o olhar da Kat combinar perfeitamente com o olhar do Nick e então me sentir completa. O terceiro foi o The Moulin Rouge, e esse me fez sorrir. O quarto a ser contemplado foi o pôster do filme Shakespeare apaixonado e esses foram os suficientes para me fazer caminhar até a beirada da cama e me sentar para acompanhar o todo do meu lindo mural fazendo-me lembrar o motivo dele estar ali. Todas aquelas informações, todos aqueles sonhos me faziam sentir-me bem. Completa ou simplesmente feliz.
Como nunca ter vivido nada daquilo poderia me fazer tão bem? Simples, eu me sentia bem tendo todas aquelas alegrias intocadas e perfeitas lá na parede do meu quarto. Era bom dormir e imaginar um grande amor, uma grande dor. Porque não é isso amar? Uma grande dor? Ou melhor.
O que seria viver sem uma grande emoção?
Que seja ela conquista, amor, dor, ódio...mas as emoções e a força delas são indispensáveis e inquestionáveis. Uma vida sem nada disso é simplesmente sem graça, viver por nada é simplesmente passar pela vida.
Ciente, corri até a cozinha e peguei uma das minhas antigas garrafas de vodca e a tomei. Sem desperdiçar nem mesmo uma gota, virei a garrafa na boca e tomei goles pequenos, sem me importar com lábios queimados ou com o gosto ruim que me invadia as glândulas e me queimava a garganta. Só queria dançar, esquecer e celebrar a vida.
A sala era minha pista de dança, e antes de desmaiar no tapete antigo com o peso do pouco que havia bebido, sob alguém que não costumava beber. Cantei.
"Intelligent girls are more depressed
Because they know what the world is really like
Don't think for a beat it makes it better
When you sit her down and tell her
Everything gonna be all right"
Este fora meu último refrão balbuciado e empregado de uma forma tão oportuna.

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